A Juventude petista tem sua Mensagem

Eduardo Valdoski, Joanna Paroli, Rosana Sousa Deus e Tiago Ventura

O Movimento Mensagem ao Partido inscreveu, no dia 25 de julho, a candidatura de José Eduardo Cardozo à presidência nacional do PT e, no dia 04 de agosto, a versão final de sua chapa ao Diretório Nacional, Comissão de Ética e Conselho Fiscal. A composição da nossa chapa tem relação direta com a concepção de construção partidária que defendemos. Nela, a juventude petista tem lugar destacado!

Nossa chapa conta com 124 companheiros e companheiras. Propomos para a direção partidária a representação de toda a diversidade do Partido dos Trabalhadores, com militantes dos mais diversos movimentos sociais, a intelectualidade petista e a presença de ativistas que hoje tem se dedicado a construção de políticas públicas no governo federal, governos estaduais, prefeituras e parlamentos. Tais políticas, fruto de mobilização popular e compromisso com as mudanças, tem transformado a vida do povo brasileiro.

Sobre os movimentos juvenis, a Mensagem ao Partido busca garantir a presença desta militância e procura incorporar as recentes formulações da juventude petista. Num movimento que, ao mesmo tempo, realiza a necessária renovação partidária, vinculada a formulação de políticas para o Partido e para a sociedade.

Os jovens e as jovens que compõe a chapa nacional da Mensagem representam os diversos setores nos quais a juventude petista tem se organizado. Somos jovens feministas, estudantes, sindicalistas, ecossocialistas, combatemos o racismo e a homofobia, estamos dia a dia na construção da nova Juventude do PT. Trata-se da ousadia de propor a juventude petista para a direção do nosso Partido.

Para nós, a juventude deve estar presente nos espaços de decisão e poder. Pode ser fácil, para muitos, fazer referência à juventude que engrossa as fileiras das campanhas eleitorais, à juventude que é alvo das políticas públicas dos nossos governos e também àquela militância jovem aguerrida que levanta nossas bandeiras e, sem medo e sem pudor, coloca nossa estrela no peito. Mas não podemos apenas lembrar da importância de jovens nos espaços partidários. É preciso mais do que isso. Queremos ter jovens nos espaços de direção, como do reconhecimento da importância da construção de novas gerações políticas.

Em nossa concepção de um PT militante, democrático e socialista, esta presença juvenil deve estar vinculada às lutas concretas, que diariamente acontecem nos quatro cantos do país. O PT que queremos é porta voz e construtor das lutas da classe trabalhadora e da juventude.

Na Mensagem ao Partido, a juventude têm espaço, vez e voz. Concretamente, nossa chapa incorpora ativistas sociais de movimentos juvenis. Compreendemos que nosso Partido deve possuir uma direção política com esse perfil. Nosso movimento compreende que temos nosso recado para dar, pois sabe que a juventude tem a sua mensagem.

Eduardo Valdoski é da executiva nacional da Juventude do PT

Joanna Paroli é diretora de universidades pagas da UNE e militante da Marcha Mundial das Mulheres

Rosana Sousa Deus é secretária de Juventude da CUT

Tiago Ventura é vice presidente da UNE

 

Todos integram a chapa Mensagem ao Partido que concorre no PED 2009 ao Diretório Nacional

Nosso camarada Jean Tible

Eduardo Valdoski

Me despedi ontem do meu amigo e camarada Jean Tible. Ele irá passar uma temporada de um ano na França. Irá fazer uma bolsa sanduíche de doutorado.

Provavelmente poucos militantes da JPT conheçam o Jean, mas ele talvez seja o principal responsável pela política internacional da Juventude do PT.

Conheci o Jean, mais proximamente, em 2004, quando iniciamos a construção do Grupo de Trabalho de Relações Internacionais da JPT. Naquele momento nossa juventude estabelecia contatos com diversas juventudes partidárias e organizações políticas, porém, de forma desorganizada e sem uma política definida.

Jean, sendo assessor da Secretaria de Relações Internacionais do PT, tomou pra si, dentro de outras tarefas que tinha na SRI, a tarefa de reunir o conjunto de contatos que tínhamos e de procurar sistematizar a nossa intervenção internacional.

A partir desta produção, passamos a reunir um grupo de jovens petistas, dispostos a pensar a localização do PT, e particularmente de sua juventude, no mundo.

Neste período, construímos a intervenção nos encontros do Fórum de Juventudes Políticas do Mercosul, uma iniciativa que procurou reunir as juventudes de esquerda do bloco.

Mantivemos relações com partidos amigos, numa perspectiva de troca de experiências, mas, principalmente construímos uma perspectiva internacionalista para a Juventude do PT. Hoje, de forma mais nítida, temos condições de construir laços com partidos e organizações de forma mais organizada e política. Temos hoje, com mais clareza, o que queremos, e o que não queremos, de nossas relações internacionais.

Mas a contribuição de Jean, ao menos ao que se refere à condição humana, muitas vezes esquecida no ambiente da militância política, se deu, muito além disso. Me recordo, de uma Cumbre Social em que estivemos no Chile, onde, além do contato político com outras organizações, ele me ajudou a aproveitar melhor a oportunidade para que além do contato com outras organizações, pudéssemos ter contato com o povo e a cultura daquele país.

Jean, sempre foi (e continua sendo) um camarada de primeira hora, com um senso de responsabilidade ímpar, uma capacidade de produção acima da média, com princípios que não o faz vergar diante das situações adversas. Poderia ser, certamente, um quadro das relações diplomáticas brasileiras ou de qualquer organismo que procure manter relações internacionais, sendo inclusive, convidado para ocupar uma posição destas, mas preferiu o mais desafiante: estudar mais, para poder contribuir melhor com a luta do nosso povo.

Desejo a Jean uma boa e gratificante jornada e que volte em breve para continuar nos alimentando com este espírito internacionalista que deve ter todo socialista.

Boa viagem!

Eduardo Valdoski é coordenador de comunicação da Juventude do PT

Passo-a-passo se constrói uma nova juventude

Eduardo Valdoski e Carla Bezerra

Neste domingo, dia 21 de setembro, terminou na capital paulista a I Caravana Nacional da JPT. Em uma jornada de 37 dias, a Juventude do PT percorreu o Brasil de norte a sul, divulgando a plataforma nacional da JPT para as eleições 2008, pautando o tema juventude nas campanhas petistas e incentivando as candidaturas jovens.

A Caravana é uma das conseqüências do novo momento pelo qual passa a Juventude. Ao invés de um setorial voltado apenas para a organização interna do partido, a prioridade é a disputa do projeto político do PT na sociedade. Esta nova orientação da juventude petista começou a ser construída no setorial de 2005, com a vitória de uma nova visão sobre como deve se organizar a juventude partidária, que tem como pilar um nível maior de autonomia e uma organização mais conectada com os problemas da juventude brasileira. Tal visão se torna hegemônica com I Congresso da JPT, a partir das resoluções aprovadas consensualmente, superando a visão de que a juventude deve ser tutelada e “orientada”.

A Caravana é mais um passo da materialização deste projeto político. Por meio dela, a direção nacional da JPT pode conhecer melhor a realidade e diversidade dos jovens do nosso país e pode também dar continuidade ao processo de constituição de identidade da juventude petista.

Durante a passagem da caravana pelas cidades, ficou em evidência que a juventude é protagonista e está inserida na disputa política. Em praticamente todas as cidades pelas quais passamos havia pelo menos um candidato jovem petista a vereador e, na maior parte dos casos, sua principal bandeira de campanha era a defesa de políticas específicas para a juventude. As candidaturas majoritárias do PT também tem se dedicado a disputar política e eleitoralmente este setor, através de materiais e propostas específicas. Isso demonstra que temos conseguido, em grande medida, sensibilizar as direções partidárias para esta nova visão de juventude.

Se por um lado, a Caravana foi uma experiência ímpar e que deve ser repetida com outras temáticas e também fora do período eleitoral, por outro, ainda muitos elementos da visão antiga precisam ser superados. Pode-se dizer que as atividades realizadas pela Caravana evidenciaram algumas limitações da nossa organização nos municípios e nos Estados. Nem toda a militância se atentou ao papel que a Caravana poderia cumprir, ou seja, o de dar visibilidade social à JPT e à pauta da juventude. Assim, em alguns municípios, as ações ficaram aquém de nossas possibilidades, restringindo-se a atividades internas.

 Há também alguns elementos arraigados na nossa cultura político-partidária que ainda precisam ser superados. Dentre eles, o excessivo personalismo em torno da figura do secretário de juventude, que ainda é forte em nossa militância, e a sobreposição das tendências hegemônicas às instâncias partidárias. Ambos prejudicam a idéia de que a JPT deve ter direções plurais, coletivas e colegiadas, capazes de representarem a diversidade partidária, conforme a resolução de nosso congresso.

 De 2005 para cá, temos construído passo-a-passo uma nova Juventude do PT, a partir do diagnóstico, daquilo que é positivo e daquilo que precisa ser superado.

Como desafio para o próximo período, passadas as eleições, devemos definir bandeiras prioritárias para a juventude, casando a pauta da juventude com a agenda geral de desenvolvimento social e econômico. Essas bandeiras, divulgadas por meio de amplas campanhas, devem auxiliar no nosso processo de organização em núcleos de base e fóruns livres, fortalecendo a identidade petista.

Brigadas da JPT no segundo turno

Contudo, temos um desafio imediato: garantir vitórias para o PT no máximo de municípios. Das 58 cidades com segundo turno e que o PT possui candidatura própria, já é possível projetar que, fora as vitórias ainda no primeiro turno, continuaremos no páreo em pelo menos 15 locais.

 A importância da vitória nesses municípios é evidente, uma vez que concentram parcela significativa da população brasileira. Nessa perspectiva, a Juventude do PT pode cumprir um papel de vanguarda, mobilizando a sua militância para contribuir nas campanhas pela organização de “brigadas da juventude”.

Isso significa que a militância das cidades que não tem segundo turno ou que o PT não o disputará deve participar das campanhas onde temos candidatos, constituindo verdadeiras “brigadas” de apoio. Por sua vez, as Secretarias Municipais das cidades com segundo turno devem demandar e se organizar para receber este apoio militante. Cabe, portanto, às Secretarias Estaduais e Nacional estimular a formação dessas brigadas e garantir condições materiais para que elas se viabilizem.

Esse processo fortalecerá ainda mais a organização e identidade da juventude petista e poderá ser o diferencial para que conquistemos importantes vitórias no segundo turno. Avante Juventude do PT!

Eduardo Valdoski é coordenador nacional de Comunicação da Juventude do PT (eduardo@jpt.org.br); e

Carla Bezerra é secretária distrital da JPT/DF

Congressos Municipais: o primeiro passo para a construção da JPT militante e de massas

Eduardo Valdoski

Passados os primeiros Congressos Municipais da Juventude do PT já é possível fazer algumas avaliações. A primeira delas é que há na base do PT muitos jovens querendo se organizar e participar de nossa juventude, isso fica claro quando vemos os primeiros números do congresso.

 Com cerca 180 etapas municipais realizadas já participaram do processo algo em torno de 3 mil filiados jovens, ou seja, o mesmo número de todo o processo de encontro da JPT de 2005. Ainda teremos mais 800 congressos convocados por Comissões Municipais e mais um tanto convocados pelos Diretórios Municipais e Comissões Estaduais.

 Do ponto de vista da mobilização dos jovens petistas o I Congresso da JPT é um grande sucesso e a tese defendida por nós e por outros tantos militantes, de que para ampliar a participação é fundamental criar espaços nos municípios, tem se mostrado correta.

 Porém, esta avaliação positiva sobre a mobilização pode vir a esconder uma outra não tão boa assim, a qualidade e a dedicação aos debates políticos para construir um programa para a juventude brasileira e um novo funcionamento para a JPT, ainda não estão a altura do que precisamos para que tenhamos um programa político que de fato dispute hegemonia na sociedade.

 Digo isso a partir da experiência concreta de participar do Congresso Municipal de minha cidade. Aqui em São Paulo tivemos uma grande mobilização, cerca 200 pessoas participaram do Congresso, destas mais de 170 eram delegados. Nosso congresso durou cerca de nove horas, porém, pouco mais de uma foi dedicada ao debate sobre o Brasil que Queremos para a Juventude e sobre a nossa Concepção e Funcionamento.

 Mesmo durando tão pouco, o momento dos grupos foi, sem dúvida, o melhor período. Penso que se este momento tivesse durado mais, teríamos podido aprofundar uma série de questões e temas. O que pude ver no Congresso Municipal de São Paulo é que há uma enorme vontade de participação e muita sede por debates sobre as coisas concretas que queremos para nosso país, para os jovens, para o partido e para a JPT.

 Para garantir uma boa avaliação dessa primeira fase ainda temos o desafio de envolver mais o conjunto de dirigentes partidários na realização das etapas municipais, bem como, garantir que a juventude do PT consiga se concentrar nas pautas do congresso, para não corrermos o risco de esvaziamento político em detrimento da disputa de espaço entre as teses (que é legitima, mas não deve estar acima nem da construção partidária, nem da elaboração política) ainda mais neste momento especial. Este é um compromisso que deve ser assumido por todas as forças e militantes da JPT.

 Precisamos aproveitar essa oportunidade e transformar a mobilização dos jovens petistas em militância cotidiana. Nosso Congresso precisa ser o primeiro passo da construção da nova Juventude do PT.

 Uma das principais decisões que o I Congresso da JPT deve tomar é apontar claramente nossa opção pelo diálogo prioritário com os jovens da classe trabalhadora, maioria em nossa sociedade e maior vítima das mazelas do capitalismo.

 E a partir desta opção, construir um programa político capaz, de a partir da realidade concreta, apresentar alternativas que conquistem os corações e mentes dos jovens brasileiros para uma visão de mundo baseada na igualdade, justiça, solidariedade, humanismo e outros tantos valores fundamentais para a construção do socialismo, objetivo estratégico do PT.

 Será deste programa que extrairemos os eixos para as campanhas públicas que temos de realizar cotidianamente e que irão colocar nossa juventude em movimento a partir da nossa organização nos núcleos.

 Os núcleos serão o espaço onde cada jovem petista irá discutir a realidade na qual está inserido, onde fará sua formação política cotidiana e principalmente será onde se organizará para a ação política, seja no seu bairro, escola, faculdade ou movimento.

 Os Congressos Municipais da JPT devem ser o embrião da constituição dos núcleos e o fruto dos seus debates se constituirá em nosso programa, portanto, a primeira tarefa que temos é realizar congressos mobilizados, como já temos feito, mas que sejam também muito politizados para que consigamos enfrentar o desafio de dar início a constituição de uma JPT militante, socialista e de massas.

Eduardo Valdoski é Secretário-Adjunto Nacional da Juventude do PT e subscreve a tese AVANTE! (eduardo@jpt.org.br)

 Publicado originalmente em http://www.avantejpt.blogspot.com/

O PT, o III Congresso e a Juventude

Eduardo Valdoski

A Secretaria Nacional de Juventude do PT apresentou no último dia 13 o seu Projeto de Resolução para o III Congresso do partido que ocorre no fim deste mês.

Resultado do debate entre as tendências internas, lideranças da JPT e dos membros do Coletivo Nacional, o Projeto de Resolução é a síntese das necessárias mudanças que o PT precisa enfrentar para que seu diálogo com a juventude brasileira tenha consistência.

Partindo de uma avaliação crítica sobre a atual relação do PT com sua juventude e procurando diagnosticar a realidade dos jovens brasileiros a resolução propõe a superação do atual modelo de organização de secretaria setorial para uma nova instância, que dê condições dos jovens petistas se organizarem para disputar posições junto à sociedade e aponta para a realização do I Congresso da Juventude do PT, espaço onde a nossa militância discutirá o melhor modelo de organização para sua atuação e iniciará a construção de um projeto petista para a juventude brasileira.

Passado o momento de construção coletiva do Projeto de Resolução a tarefa neste momento dos jovens petistas é convencer politicamente a militância, os dirigentes e os delegados do III Congresso do PT sobre a centralidade dos pontos apresentados e dar início a construção do Congresso da Juventude do PT. A proposta deste artigo é lançar algumas idéias sobre este processo.

Superar o atual modelo do setorial de juventude

Os setoriais ao longo da história do PT tem sido responsáveis por importantes formulações do partido acerca dos mais diversos temas. Porém, o modelo de organização dos setoriais é voltado para as questões internas do partido e tem pouca capacidade de realizar o diálogo e a disputa das nossas posições na sociedade. Ademais, no último período, as nossas ações foram voltadas principalmente para as disputas eleitorais, essa tendência se reforça, transformando os setoriais em espaços apenas de formulação de programas de governo e avaliação de políticas públicas.

Se por um lado este modelo é adequado para diversos setoriais do PT, por outro, para o trabalho junto à juventude ele se apresenta superado e incapaz de responder aos desafios políticos deste período. Para um partido como o PT que pretende realizar profundas transformações em nosso país, a disputa da juventude deve ser encarada como estratégica, seja pelo seu peso social (os jovens somam hoje 50 milhões de brasileiros, ou 30% da população), ou porque o PT tem a urgente tarefa de inserir na vida política do país novas gerações, disputando no seu interior valores do socialismo, da igualdade, da democracia e da solidariedade. Além do mais, é necessário ter um política sólida e permanente de renovação dos seus quadros dirigentes. Neste sentido, colocamos como reflexão a experiência do Diretório Municipal de Porto Alegre (RS) que instituiu a cota de jovens na direção.

Precisamos de uma Juventude do PT que atue para fora do partido, ou seja, esteja presente nos movimentos juvenis, que faça campanhas públicas, que organize e esteja à frente das lutas sociais. Precisamos de uma JPT que tenha claramente formulado um programa para a juventude brasileira e que faça cotidianamente a disputa de valores e de projeto junto à sociedade.

Para isso, é fundamental a alteração do modelo de organização da Juventude do PT. É necessário que tenhamos uma direção dedicada à construção do partido junto à este setor e em todos os níveis, desde a nacional até os bairros. Com o atual modelo, de um secretário e um coletivo de dez membros, é impossível cumprir essas tarefas num país das dimensões continentais do Brasil, com 27 estados e mais cinco mil municípios, a Juventude do PT necessita de uma direção própria com condições políticas e estruturais de disputar e organizar os jovens.

Outra questão que nos faz ter convicção sobre a necessidade de mudanças no modelo de organização diz respeito à participação, mesmo a juventude sendo hoje o maior setorial do PT, o seu último encontro nacional mobilizou na base menos de cinco mil jovens. Este número é muito baixo tendo em vista o número de votantes do último PED e o número de filiados ao partido até 29 anos. Para nós, esta baixa participação decorre do fato de o modelo de setorial ser voltado para dentro do partido, para suas disputas internas e suas formulações. Para que a participação seja ampliada é necessário que tenhamos uma juventude que priorize a ação política para fora e tenha seu foco voltado para a disputa da sociedade, estabelecendo metas de participação e construção de núcleos.

Um dos instrumentos que a nova Juventude do PT deve usar para ampliar a participação e garantir ação política são os núcleos. Eles deverão ser organizados por base territorial (municípios ou bairros) ou por movimentos (estudantil, cultura, mulheres, negros, glbtt etc.). Os núcleos serão espaços de debate sobre as questões da juventude de um modo geral ou do setor específico, mas serão principalmente o espaço de organização da ação dos jovens petistas, serão os núcleos os responsáveis pela implementação das políticas deliberadas nas instâncias e fóruns da Juventude do PT.

A Juventude do PT deve ser uma juventude autônoma?

Não. A Juventude do PT deve continuar sendo uma juventude orgânica ao partido, ou seja, as posições políticas que a nova JPT irá apresentar são aquelas que o conjunto do partido apresenta à sociedade. O programa da Juventude do PT é o programa do PT, ela deve ser um instrumento do partido com maior capacidade de diálogo, organização e disputa dos jovens brasileiros.

Sobre o processo de eleições da Juventude do PT

Hoje os setoriais elegem seus secretários e coletivos num encontro nacional, do qual participam delegados eleitos nos estados, não há obrigação de ocorrer encontros municipais, ou seja, não há necessidade dos setoriais estarem organizados na base, nos municípios. Pensamos que esta lógica deve mudar e incorporar elementos do PED.

Para que as ações da Juventude do PT sejam efetivas é necessário que sejam organizadas a partir da base, para isso precisamos que os encontros municipais existam e tenham poder de decisão. Os encontros municipais, além de debater as políticas nacionais, estaduais e locais da JPT, deverão eleger os delegados para os encontros estaduais e nacional. Após a realização do Encontro Nacional e a definição da linha de atuação, deverão ocorrer eleições diretas para todos os níveis de direção da JPT, tendo direito a voto todos aqueles que participaram dos encontros municipais.

Os mandatos deverão ser de dois anos e a participação dos militantes nas instâncias limitadas em no máximo a duas gestões por instância, como método de garantia de permanente renovação dos quadros dirigentes.

Sobre a sustentação financeira

Para que a Juventude do PT tenha capacidade de cumprir os desafios aqui expressos, será necessário que passe a ter uma política de finanças que tenha condições de sustentar campanhas públicas, sede própria, um corpo dirigente com capacidade de organizar a intervenção da JPT, um jornal periódico, um portal na internet atualizado cotidianamente, cursos de formação política da base e dos dirigentes e as demais despesas inerentes a uma organização nacional com atividades políticas cotidianas.

Esta política de finanças deverá ser nucleada em duas fontes, decisão essa que deverá ser tomada pelo III Congresso do PT. A primeira seria o repasse das contribuições estatutárias dos filiados até 29 anos que optarem por militar na Juventude do PT. E o segundo seria uma dotação orçamentária de 2% do orçamento total do PT. Além destas fontes a JPT deverá formular outras formas de auto-sustentação.

O Diretório Nacional do PT será responsável por regulamentar e fiscalizar a utilização destes recursos, criando mecanismos transparentes de prestação de contas da JPT.

A participação da Juventude nas instâncias de direção do PT

A Juventude do PT terá suas instâncias de direção próprias, porém a relação com a direção do partido deve ser constante, desta forma, propomos a manutenção da atual participação da juventude nas executivas e diretórios, ou seja, com direito a participação e intervenção nas reuniões, porém, sem direito a voto.

Estes são apenas alguns elementos que o PT de conjunto, mas principalmente a sua juventude terão de discutir. O período que se abre com o III Congresso do PT será um momento decisivo para que tenhamos uma juventude partidária forte e com uma atuação voltada para a disputa dos corações e mentes da juventude brasileira.

Eduardo Valdoski é secretário-adjunto Nacional da Juventude do PT (eduardo@jpt.org.br)